Nunca tivemos muito direito ao barulho, mas quando o mais absoluto
silêncio se fez, trouxe com ele uma escuridão nunca antes vista.
Ele veio marchando de madrugada, sorrateiro e covarde. Tirou
de nós a luz vermelha, aquela que há tempos desejávamos, que iria dar da terra
o nosso futuro. Colocou uma mordaça em quem nos defendia e lançou seu véu negro
sobre toda uma nação.
Aos poucos o silêncio foi se alastrando, e a escuridão nos
devorando. Vendaram nossos olhos (livros terroristas), tamparam nossos ouvidos
(mídia aliada) e calaram de vez nossa voz. Mas resistimos. Houveram muitos que lutaram.
Soltaram a voz! Diziam que apesar da escuridão o amanhã seria um novo dia.
Heróis!
No entanto tantas vozes se calaram, de vez. E essas
emudeceram a murros, pontapés, tapas, choques, afogamentos... Ah! Se pudessem ouvir
o que essas voz queriam dizer. Mas não houve chance para tal. O silêncio era a
sentença. E para as mães, pais, irmãs, irmãos, filhos, filhas, mulheres, maridos
e companheiros, para eles sobram apenas os lamentos, também silenciosos.
E quem sobreviveu a esse silêncio, aquele mais profundo
vindo diretamente dos porões, hoje é perseguido por vozes, dolorosas vozes, que
os assombra por toda vida.
E a nós cabe gritar aos ventos, a plenos pulmões, as dores e
agonias desse período que ainda hoje nos ronda, para que aos desavisados seja
dito: SILÊNCIO NUNCA MAIS!
1 comentários:
Lindo Karine!
Como dizia o Grande Cazuza, "Depois dos navios negreiros vem outras correntezas..." Belo texto, como sempre lúcida e consciente!
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